terça-feira, 24 de junho de 2014

Nova Ocupação em terreno do CEASA, em Contagem, MG, ao lado da Ocupação William Rosa, com cerca de 600 famílias sem-terra e sem-casa. BH, 24/06/2014.

Nova Ocupação em terreno do CEASA, em Contagem, MG, ao lado da Ocupação William Rosa, com cerca de 600 famílias sem-terra e sem-casa.

Parabéns ao Povo da Ocupação William Rosa e a outras 600 famílias que ocuparam hoje outro terreno "do CEASA", em Contagem, MG, terreno abandonado há séculos, sem cumprir função social, servindo para especulação. Só na luta coletiva a casa própria e digna, um direito constitucional, sai do papel e se constrói. A tensão é grande no local, pois a PM está no local. Sem decisão judicial de reintegração e sem alternativa digna não é admissível despejo. Pátria Livre! Venceremos! 
Abraço na luta. Frei Gilvander Luís Moreira

Cf. o link, Nota no link, abaixo:

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Carta aberta aos juízes: o preço de um despejo sem alternativa digna. BH, 13/06/2014.

Carta aberta aos juízes:
o preço de um despejo sem alternativa digna.
Gilvander Luís Moreira[1]

Belo Horizonte, MG, Brasil, 13 de junho de 2014.

Srs. Juízes, desembargadores e ministros do poder judiciário brasileiro, já que é tão difícil falar com vocês diretamente, o jeito é escrever-lhes uma Carta Aberta, pois o que está ocorrendo é muito grave. Espera-se de um juiz que ele faça justiça, mas as decisões judiciais - regra geral - estão abarrotando as prisões com jovens, negros e pobres. Prisão em massa de uma só classe: a trabalhadora. É direito penal máximo para os pobres e direito civil empresarial máximo para os enriquecidos. Cadê os direitos fundamentais da pessoa humana? Virou lugar comum juízes apressadamente conceder liminares de reintegração de posse sobre Ocupações coletivas urbanas ou do campo. Só em Minas Gerais há mais de 250 liminares de reintegração de posse para serem cumpridas, na quase totalidade versando sobre propriedades que estavam abandonadas, ociosa, sem cumprir função social.
Simplesmente a regra é “reintegre-se ficando autorizado o uso da força policial.” Isso sem garantir os inúmeros direitos fundamentais de milhares de pessoas. A Constituição Federal de 1988 não tem como fundamento a dignidade humana (art.1º)? Não prescreve a Constituição a função social para propriedades do campo e na cidade? (art. 5º. XXIII, art. 283 e 286 da CF)? Não determina direito à moradia, à saúde, à educação, a paz? Não é objetivo da CF/88 superar a miséria e as desigualdades (Art. 3º)?
Mas, muitos juízes estão tão distantes da realidade dos pobres que mandam retirar centenas de pessoas de uma ocupação coletiva como se fossem entulho que lá estivesse.
Considerando que a maioria dos juízes “não tem tempo” para ir visitar as ocupações, ouvir os clamores dos pobres, vamos descrever um pouco o preço de um despejo sem alternativa digna. Vale recordar que alternativa digna não é levar as famílias para abrigo público, ou para bolsa moradia, ou inscrever as famílias em uma fila de política habitacional que não existe ou se existe, não anda.
Tomemos como exemplo o despejo de 300 famílias da Ocupação Santa Cruz, em Montes Claros, MG, dia 05 de junho de 2014. Usaram 250 policiais da tropa de choque e de vários outros batalhões da Polícia Militar de Minas Gerais; quatro tratores, inclusive um de esteira; vários caminhões, mais de quarenta viaturas, helicóptero, cavalaria, cães, inúmeros aparelhos de comunicação etc.
Senhores juízes, quanto custa preparar e realizar uma operação como essa? Quanto em alimento, água, combustível e arsenal bélico? Não sabemos quanto custa, mas sabemos que quem paga é o povo, através de uma pesadíssima carga tributária jogada principalmente nas costas da classe trabalhadora. É daqui que vem orçamento para custear o Estado que golpeia quem o sustenta financeiramente: o povo injustiçado. Quantos milhares de famílias ficaram sem segurança pública, porque um enorme contingente policial foi deslocado para despejar quem luta para sair da cruz do aluguel?
Só na Ocupação Santa Cruz, destruíram 80 casas de alvenaria. Em média as famílias tinham investido cerca de 8 mil reais em cada casa. 80 casas vezes 8 mil reais é igual 640.000,00 (Seiscentos e quarenta mil reais), valor equivalente ao que os turistas da COPA gastarão em Belo Horizonte. Mais da metade desse dinheiro, cerca de 400 mil reais, foi conseguido em empréstimo para descontar durante 4 ou 5 anos na aposentadoria de um salário mínimo. Ou seja, 80 famílias perderam 640 mil reais e perderam suas casas. Ficaram sem casas e com uma dívida que durante uns 4 ou 5 anos comerá parte da migalha de aposentadoria que recebem. Se o povo tivesse uma aposentadoria equivalente à dos juízes e desembargadores, o prejuízo seria menor.
Mas não é só esse o preço de um despejo sem alternativa digna, que é reassentamento prévio, conforme já vem sendo feito por determinação de alguns juízes em Pernambuco e no Rio Grande do Sul.
Centenas de famílias foram jogadas novamente na cruz do aluguel, que é furto diário no prato dos pobres. Ou foram jogadas nas costas de parentes que normalmente já pagam aluguel também. É cruz em cima de cruz. “A gente toma café da manhã com aluguel, almoça aluguel, janta aluguel e dorme com aluguel. Não suportamos mais isso”, desabafou dona Maria, da Ocupação Tomás Balduíno, de Ribeirão das Neves, MG.
Não esqueçamos que há um preço muito maior do que o prejuízo econômico: um despejo sem alternativa digna mata o sonho de conquistar moradia própria e digna, sonho de décadas. Imaginem quantas lágrimas! Quanta decepção nas autoridades! Quanta frustração diante do poder representado pelos governantes. Onde fica a legitimidade da força do Estado brasileiro? Quantos traumas indeléveis nas centenas de crianças que veem um exército armado até os dentes diante de si derrubando suas casinhas e expulsando-as do lugar onde elas brincavam e corriam à vontade?
Após um despejo, com a indignação gerada, como em uma encruzilhada, duas estradas se abrem: Por um lado, a maioria do povo despejado se reúne e trata de organizar a luta para dar a volta por cima, assim como fizeram a Ocupação Zilah Sposito/Helena Greco, que, após ter 15 casas demolidas inclusive com gás lacrimogêneo em crianças, reergueu-se e, hoje, já tem mais de 170 casas de alvenaria construídas. Ou como a Ocupação Eliana Silva, no Barreiro, em Belo Horizonte, que, três meses após ser despejada por 400 policiais reocupou outro terreno e hoje já tem mais de 300 casas de alvenaria construídas. Ou ainda como as duas Ocupações da Fazenda Baixa Funda, em Manga, MG, que já passou por 12 despejos e sempre o povo volta a reocupar a terra. Mas por outro caminho, outras pessoas ficam revoltadas e são jogadas na criminalidade. Assim, despejos forçados fomentam a violência social.
Quem puder ler e ouvir, que veja, que ouça e faça diferente dentro e fora do Poder Judiciário!
Mas assino embaixo do que afirma um juiz justo: Gerivaldo Neiva, no poema ao povo do Pinheirinho, Não os perdoem: eles sabem o que fazem!
“... Ei, Justiça, cadê você que não responde e aceita impassível tantos absurdos?
Não percebes o que estão fazendo com teu nome santo?
Em teu nome, atiram, ferem, tiram a casa e roubam os sonhos e nada dizes?
Tira esta venda, vai!
Veja o que estão fazendo em teu nome! Revolte-se!
E o pior dos absurdos: estão dizendo teus os atos do Juiz e do Poder que ele representa!
Vais continuar impassível?
E mais absurdos: estão te transformando em merdas de leis.
Acorda, vai!
Chama o povo, chama o Direito das ruas e todos os oprimidos do mundo e brada bem alto:
- Não blasfemem mais com meu nome! Não sou o arbítrio e nem a ganância! Não sou violenta, nem cínica e nem hipócrita! Não sou o poder, nem leis, nem sentenças e nem acórdãos de merda!
Diz mais, vai! Brada mais alto ainda:
- Eu sou o sonho, sou a utopia, sou o justo, sou a força que alimenta a vida, sou pão, sou emprego, sou moradia digna, sou educação de qualidade, sou saúde para todos, sou meio ambiente equilibrado, sou cultura, sou alegria, sou prazer, sou liberdade, sou a esperança de uma sociedade livre, justa e solidária e de uma nação fundada na cidadania e dignidade da pessoa humana.
Diz mais, vai! Conforta-nos:
- Creiam em mim. Um dia ainda estaremos juntos. Deixarei de ser o horizonte inatingível para reinar no meio de vós! Creiam em mim. Apesar da lei, do Poder Judiciário e das sentenças dos juízes, creiam em mim e não perdoem jamais os que matam e roubam os sonhos em meu nome, pois eles sabem o que fazem!”



[1] Frei e padre carmelita; bacharel e licenciado em Filosofia pela UFPR, bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, Itália; doutorando em Educação pela FAE/UFMG; assessor da CPT, CEBI, SAB, PJR e Via Campesina, em Minas Gerais; e-mail: gilvanderlm@gmail.com  –www.gilvander.org.br – www.freigilvander.blogspot.com.br - www.twitter.com/gilvanderluis - facebook: Gilvander Moreira

terça-feira, 10 de junho de 2014

Despejo na Ocupação Nova Canaã, em Nova Lima, MG. Nota Pública do MLB, SINDIELETRO e CPT. BH, 10/06/2014.

Despejo na Ocupação Nova Canaã, em Nova Lima, MG.
Nota Pública do MLB, SINDIELETRO e CPT.
Belo Horizonte, MG, Brasil, 10 de junho de 2014, a dois dias do inicio da COPA.

Obs.: Enquanto escrevemos essa Nota, agora, às 10:00h do dia 10/06/2014, policiais da PM de MG e forças da Mineração Morro Velho já expulsaram uma família de uma casa de alvenaria, sob ameaça de gás lacrimogêneo e bala de borracha. Um trator já está diante da casa para destruí-la, casinha feita com muito suor. E há outras 30 casas na mira!

O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), o SINDIELETRO e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) estão na luta por moradia também na cidade de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, MG, onde o povo tem sofrido com a falta de moradia, pois a única política habitacional em Nova Lima são os condomínios dos ricos, cujos lotes chegam a mais de 500 mil reais. Como se não bastasse, a mineradora Morro Velho, que explora o povo e a riqueza de Nova Lima há mais de 170 anos, tem reivindicado diversos terrenos na cidade como sendo dela e, sob liminares concedidas pelo judiciário conservador da cidade, nas figuras das juízas Myrna Souto e Adriana Garcia, que autorizam a reintegração de posse muitas vezes sem ouvir a outra parte, tem colocado dezenas de famílias no olho da rua e destruído suas casas de maneira sádica, com total apoio repressivo da policia militar.
Fizemos as denúncias em Audiência Pública da Comissão de Direitos Humanos da ALMG e da Câmara de vereadores de Nova Lima. Iniciamos uma grande mobilização na cidade de Nova Lima que culminou com uma mesa de negociação com a prefeitura, que prometeu nos dar todo o suporte para a conquista das casas para essas famílias pelo Programa Minha Casa Minha Vida- entidades, uma vez que o MLB é cadastrado nacionalmente no programa. Várias reuniões aconteceram e a coisa caminha com a nossa pressão. Nossas defesas contra novos despejos estão sendo feitas pela Defensoria Pública de Minas Gerais, área de Direitos Humanos.
Entretanto, sabemos que os poderosos sequer conseguem dormir quando são confrontados e a covarde mineração Morro Velho, que se ausentou de todas as audiências as quais foi convidada, voltou a utilizar de sua influência para assombrar o povo pobre.
Na tarde de ontem, dia 09/06/2014, segunda-feira, uma pessoa não identificada chegou à Ocupação Nova Canaã, no bairro Vila Nova Suíça, e com apoio da Polícia Militar e da Guarda Municipal de Nova Lima, invadiu o terreno e fez várias fotografias e filmagens. Existe liminar de reintegração de posse em nome da Mineradora Morro Velho e sabemos que essa pessoa é ligada à empresa. O curioso é que tanto a prefeitura quanto o Estado demonstraram apoio a mais esse desrespeito. Sabemos que a Mineradora Morro Velho tinha interesse em identificar as famílias e o número de casas de alvenaria no terreno, que hoje passa de 30, mas como eles são covardes e têm medo do povo, tiveram que recorrer ao poderio militar do estado para garantir a segurança dos seus.
Famílias de outros bairros estão em alerta para a possibilidade de despejos e na data de hoje o povo não foi trabalhar, ficou em casa para fazer vigília e resistir como puder, pois a possibilidade de voltar do trabalho e não encontrar suas casas é grande.
Os bairros mais afetados pelos despejos são: Galo, Bela fama, Nova Suíça, Mingu e Nossa Senhora de Fátima. Hoje o alerta geral é para que todos fiquem de olho e organizados nos bairros Galo e Nova Suíça, este último é onde se encontra a ocupação Nova Canaã. 
Precisamos divulgar essa denúncia e solicitamos com urgência o apoio de todos os lutadores de Minas Gerais que lutam pelo direito fundamental à moradia. A história demonstra que repressão a problema social jamais resolve um problema social. Ao contrário, repressão só agrava e muito o já grave problema social. Problema social gravíssimo como o imenso déficit habitacional (150 mil moradias em BH, 200 mil na região metropolitana, quase 1 milhão de moradia em MG) só se resolve de forma justa e pacífica com Política séria, popular, ouvindo as reivindicações do povo sem-terra e sem-casa. Imploramos às autoridades para que recobrem a sensatez e não autorizem despejos durante a COPA e nem sem alternativa digna, que não é ir para abrigo público, não é bolsa moradia, não é apenas ser incluído numa lista de esperança. Alternativa digna é reassentamento prévio. Não menosprezem o poder popular que está construindo e crescendo em organização em BH, região metropolitana de BH, em MG e no Brasil.
O povo das ocupações de BH(cerca de 18 mil famílias), da região metropolitana de BH (cerca de 25 mil famílias), de Uberlândia (cerca de 15 mil famílias), de Timóteo (cerca de mil famílias) e os militantes dos movimentos sociais populares estão pra lá de indignados com o despejo forçado de 300 famílias da Ocupação Santa Cruz, em Montes Claros, MG, dia 05/06/2014, quando, com 250 policiais da PM de MG, 4 tratores, helicópteros, enfim, com um grande aparato bélico, 80 casas de alvenaria foram destruídas e outros 200 barracos de lona preta ou de madeirite foram demolidos. Pisaram na dignidade de 300 famílias que foram jogadas na rua ou nas costas de parentes, ou ainda na cruz do aluguel novamente.
Os metroviários de São Paulo, o MTST e o Movimento Passe Livre da capital paulistana estão nos dando um grande exemplo a seguir. Alertamos: Se os direitos fundamentais do povo das ocupações não forem respeitados, Belo Horizonte e região metropolitana vão ser paralisadas, pois o povo das ocupações não vai aceitar mais despejos. O grito já foi dado pelo povo das Ocupações ao bloquear o trânsito na MG-010, diante da Cidade Administrativa, dia 22/05/2014, por duas vezes, durante 3 horas. O povo já repetiu à exaustão: “Se houver despejos, não vai ter COPA”. Quem tiver ouvidos, que ouça os clamores do povo.

Assistam no link, abaixo, Programa Palavra Ética, na TV Comunitária de Belo Horizonte com Lídia Márcia e Mário Luiz, sobre a Ocupação Nova Canaã, de Nova Lima, MG, dioa 22/05/2014:

Assinam essa Nota Pública,
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB)
SINDIELETRO
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
ENQUANTO MORAR FOR PRIVILÉGIO, OCUPAR SERÁ UM DIREITO!

Contatos para maiores informações:
Com Jobert, cel.: 31 8402 6860 ou Cel. do MLB, em Nova Lima:(31)7337 6097

domingo, 8 de junho de 2014

Clamores de pessoas que tiveram suas casas destruída pela PM de MG, TJMG e ... Foram mais de 80 casas de alvenaria destruídas no despejo da Ocupação Santa Cruz, em Montes Claros.



Clamores de pessoas que tiveram suas casas destruída pela PM de MG, TJMG e ... Foram mais de 80 casas de alvenaria destruídas no despejo da Ocupação Santa Cruz, em Montes Claros.
O TJMG, o Governo de MG e 250 PMs fizeram uma grande sexta-feira da paixão ao despejar dia 05/06/2014, 300 famílias da Ocupação Santa Cruz, em Montes Claros, MG, mas um domingo de ressurreição chegará, pois está sendo construído.
Preste atenção, nos vídeos, abaixo, nos clamores de várias pessoas, integrantes das 300 famílias despejadas por 250 policiais da PM de MG dia 05/06/2014.
Esse despejo é uma injustiça que clama aos céus! É repugnante e inadmissível.
Cf. também o facebook: Movimento dos Trabalhadores Desempregados Montes Claros.
Abraço na luta. Frei Gilvander Moreira

VIOLÊNCIA POLICIAL EM CONTAGEM, MG, na Ocupação William Rosa, com mais de 3.000 famílias.

VIOLÊNCIA POLICIAL EM CONTAGEM, MG, na Ocupação William Rosa, com mais de 3.000 famílias.

Repudiamos mais uma ação violenta de policiais contra o povo da Ocupação William Rosa. Em 01/11/2013, a PM de MG, em um bombardeio de 1,5h, deixou mais de 100 feridos na Ocupação. De lá para cá foram várias agressões. O povo da Ocupação William Rosa já deixou claro que é consciente dos seus direitos e não vai arredar o pé do terreno onde estão e que vão seguir lutando por moradia própria e digna. A decisão judicial que mandou despejar o povo é inconstitucional e injusta. O leilão que o CEASA fez do terreno ocupado foi covarde e injusto. A presidenta Dilma e o ministro Gilberto Carvalho nos disseram que iriam suspender o leilão, mas ... o leilão aconteceu. Resta ao povo suspender na luta o leilão. A PM ficar, volta e meia, agredindo o povo também é repugnante. Assim estão preparando um massacre. Os responsáveis serão o TJMG, o CEASA, o Governo de MG, a PM de MG, o Governo Federal e empresários que compraram o terreno em leilão sabendo que o terreno está ocupado. Está avisado! O mundo inteiro vai ficar sabendo. A Ocupação William Rosa tem nosso apoio, pois ter moradia própria e digna é o mínimo que temos que exigir do Estado. Basta de Estado violentador dos pobres! Problema social se resolve de forma justa e pacífica com Política séria e não com polícia. Imploramos ao Comando militar de MG que proíba os ataques militares à Ocupação William Rosa, pois a PM de MG está riscando palito de fósforo em um barril de pólvora. Se continuar esses ataques militares injustificáveis ao povo da Ocupação William Rosa, vai acontecer massacre. Abraço na luta. Frei Gilvander Moreira



sexta-feira, 6 de junho de 2014

Com Tropa de choque e helicópteros, PM de MG despeja mais de 300 famílias da Ocupação Santa Cruz, em Montes Claros, MG, dia 05/06/2014.

Com Tropa de choque e helicópteros, PM de MG despeja mais de 300 famílias da Ocupação Santa Cruz, em Montes Claros, MG, dia 05/06/2014.

Nota pública do MTD e CPT.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 06 de junho de 2014.

DESPEJO INJUSTO, VIOLENTO E COVARDE! Fizeram uma sexta-feira da paixão com 300 famílias sem-terra e sem-casa da Ocupação Santa Cruz, de Montes Claros, MG, mas um domingo de ressurreição será gestado. 

As 300 famílias sem-terra e sem-casa que viviam na Ocupação Santa Cruz, na região norte de Montes Claros, MG, foram violentamente despejadas do local na manhã do dia 05 de junho de 2014. Às 5h30, helicópteros sobrevoavam a área, e um contingente de 250 policiais militares e a tropa de choque da PM de Minas Gerais cercou o terreno, de 33 hectares (330 mil metros quadrados que estavam abandonados há séculos, sem cumprir a função social), obrigando as famílias a saírem do local. “Foi uma situação de total desespero. Passamos o dia todo sem acesso à comida e água. Situação de guerra”, contou Adília Sozzi, advogada do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), que organiza a ocupação. Ela denuncia que a Liminar de reintegração de posse citava apenas a retirada de moradias novas, mas foram derrubadas casas de mais de 15 anos. No total, foram derrubados mais de 80 casas de alvenaria e 100 barracos de lona. Muitos foram para a casa de parentes e amigos, mas mais de 100 famílias não tiveram pra onde ir. “A prefeitura não deu assistência nenhuma, estamos sem lugar pra ir e não temos como levar os pertences”, disse Adília. Desde a manifestação realizada na terça-feira, dia 27/05/2014 diante do Fórum de Montes Claros, três integrantes do MTD estão presos, acusados de desacato, desobediência, danos e agressão. “Não foi homologada a prisão flagrante em 24 horas. É uma prisão ilegal, declaradamente política”, afirma a advogada.
Mais de 40 viaturas, 250 PMs, 4 tratores, inclusive trator de esteira, eis parte do aparato bélico militar usado contra 300 famílias injustiçadas. É o Estado policialesco, o que pensa que problema social se resolve com repressão. Ledo engano. Repressão a problema social só piora em muito o problema. A PM avisou ao Alvimar, da CPT, às 17:00h, que o despejo seria feito na manhã do dia seguinte. Cadê o cumprimento da recomendação do Ministério Público que prescreve aviso prévio com grande antecedência? Cadê alternativa digna?
Dia 10 de junho de 2014, dois dias antes do início da COPA, haverá Audiência Pública da Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de MG, em Montes Claros, na Câmara dos Vereadores, para discutir sobre a violência e a injustiça que foi o despejo forçado de 300 famílias da Ocupação Santa Cruz, feridos pela “santa” espada do Estado capitalista neoliberal.  A PM não pôde esperar a audiência pública do dia 10/06, porque deveria deslocar um grande contingente para tentar amedrontar o povo durante a COPA em BH.
A reportagem da TV Alterosa, no link, abaixo, tem várias contradições e mentiras: a) não são 50 famílias, mas 300; b) Não mostrou as irregularidades existentes na decisão judicial que mandou despejar; c) Não falou que o terreno estava abandonado há séculos; d) Não falou que o Estado que mandou o aparato militar não construiu moradia para o povo, conforme prescreve a CF/88; e) Não questionou o fato de acontecer despejo forçado sem alternativa digna etc.
Socializamos o vídeo da reportagem da TV Alterosa para que se entenda a violência e a injustiça cometida pelo Estado: TJMG, Governo de MG, PM de MG, prefeitura de Montes Claros, empresários pretensos donos do terreno que estavam especulando e omissos da sociedade.
Nossa solidariedade e apoio às famílias despejadas e aos três presos políticos da Ocupação Santa Cruz, de Montes Claros.  Conclamamos todas as pessoas de boa vontade e as forças vivas da sociedade para não medir esforços no apoio ao povo da Ocupação Santa Cruz para que a luta seja reconstruída.
Mas ... vamos dar a voltar por cima. Um domingo de ressurreição está sendo gestado. Faz escuro, mas vamos continuar lutando coletivamente, pois uma aurora de justiça social está sendo construída.

Maiores informações com:
Adília, cel. tim 32 9125 5041 ou Olívia, cel. 38 9124 6740.

Assinam essa Nota Pública,
Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD)
Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Assista a reportagem da TV Alterosa, no link, abaixo:




domingo, 1 de junho de 2014

Por que não abrir mão da crítica à Copa do Mundo?, artigo de Isabella Gonçalves Miranda, em 16/05/2014.



Por que não abrir mão da crítica à Copa do Mundo?
Isabella Gonçalves Miranda[1]

Criticamos a Copa do Mundo para não se invisibilizar o legado perverso que ela deixa para muitos brasileiros e brasileiras, para que nunca se perca a nossa capacidade de indignação frente às injustiças.”
Coimbra, Portugal, 16 de maio de 2014.

Acima de tudo, procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um revolucionário.” (Ernesto Che Guevara).

A Copa do Mundo e as Olimpíadas são os mais importantes e lucrativos megaeventos do capitalismo global. No contexto de sua preparação se radicalizam o sentido privatista de cidade e de políticas públicas contra os quais a esquerda brasileira historicamente se embate. No Brasil, a realização desse megaevento desestruturou a vida de mais de 250.000 brasileiros, que tiveram seus direitos violados: comunidades removidas, favelas militarizadas, trabalhadores deslocados e acidentados, crianças e adolescentes em risco de exploração sexual, população em situação de rua violentamente oprimida, manifestantes criminalizados…
Qual então o sentido do silenciamento da crítica à Copa do Mundo por parte de importantes intelectuais e militantes de movimentos e partidos de esquerda?
Para responder a essa desconcertante pergunta recorremos ao contexto de construção de uma plataforma de governo nos últimos anos que prometeu traduzir algumas das principais pautas políticas da esquerda no Brasil, com especial enfoque nas políticas de redução da pobreza. Confiantes nesse projeto, movimentos sociais e organizações da sociedade civil fizeram uma opção estratégica de confiar politicamente no projeto levado adiante pela legenda do Partido dos Trabalhadores (PT). Por um lado, isso gerou mais confiança política, estabilidade e cooperação na construção de um projeto transformador de país, por outro, silenciou muitas das críticas e lutas justas que deveriam ser feitas ao governo, por receio de a mesma “fortalecer a direita”.
Pergunto-me, contudo, o que ocorre a um governo que deixa de ser pressionado pelo campo popular dentro de sistemas capitalistas?
O PT nunca deixou de ser pressionado pela direita e hoje constatamos que para se manter no poder o partido teve que ceder a perversas concertações políticas com setores da elite agrária e urbana, nacional e internacional. No contexto da Copa do Mundo, a FIFA surge como uma perversa força política transnacional, que tem levado o país a aprofundar modelos de desenvolvimento que violam os direitos dos povos e as soberanias locais.
A crítica à Copa do Mundo, portanto, é uma crítica justa que não pode ser condenada e nem silenciada, com o risco de estamos virando as costas para aqueles que foram oprimidos pelo contexto perverso da preparação do mundial. Os Comitês Populares da Copa, que atuam nas 12 cidades que serão sede dos jogos, integrados pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP) há quatro anos tem feito um trabalho de denúncia e organização de grupos de atingidos pela Copa em seu processo de resistência. Tratam-se, por exemplo, de comunidades que se colocaram na frente da polícia e dos tratores contra os processos de remoção que a Copa intensificou.
Compostos por comunidades atingidas, movimentos sociais e organizações da sociedade civil, os comitês acreditam que a crítica à Copa do Mundo se faz não apenas justa, como cada vez mais necessária.
Vivemos em um cenário onde predomina um clima de insatisfação com a Copa do Mundo no Brasil. A maior parte dos brasileiros já se deu conta de que o Mundial não trará um legado positivo para a população. Há pouco mais de 30 dias para o mundial nas ruas as pessoas falam da Copa com ressentimento e, quando evocam a frase “imagina na Copa”, sempre seguem com algum comentário desanimador.
Atualmente a Copa do Mundo politizou o debate nacional sobre diversas questões estruturais no país, desde a questão do debate sobre as prioridades de investimento do orçamento público até discussões sobre a democracia e as políticas urbanas. Esse debate é extremamente salutar e revela a insatisfação de grande parte da população com a condução dos processos políticos no país.
Tal debate certamente influenciará o contexto eleitoral em outubro de 2014 e, por isso, tem razão os intelectuais e militantes que argumentam sobre a possibilidade de perdas eleitorais pela realização da Copa do Mundo. Não tem razão, no entanto, em apostar no silêncio ou mesmo na celebração do Mundial como medida de proteção ao governo federal. Se a crítica hoje é um dado, é necessário disputá-la no campo popular!
Para tal, é preciso combater algumas das falácias produzidas sobre aqueles que lutam contra a Copa do Mundo no Brasil:
Em primeiro lugar, é falsa a ideia de que as mobilizações contra a Copa são promovidas pela direita ou por setores políticos cuja crítica é vazia de conteúdo. Se é verdade que existem setores que buscam se aproveitar do contexto político gerado pela Copa para atacar o governo, eles são um grupo minoritário, embora expressivo em termos de acesso aos meios de comunicação e capacidade de despertar atenções sobre suas pautas.
No campo popular, se organizam nas 12 cidades-sede Comitês Populares da Copa, movimentos sociais e organizações políticas que tem protagonizado expressivas críticas à Copa. Em Belo Horizonte, as ocupações urbanas ameaçadas de despejo lançaram o slogan “Se Tiver Despejo, não vai ter Copa” e mais recentemente o MTST, maior movimento social de luta pela moradia no Brasil, realizou uma ocupação chamada “Copa do Povo” como parte da luta contra a cidade de exceção promovida pelo mundial. Além desses, coletivos artísticos urbanos, movimentos pela tarifa zero e o passe livre, bairros e favelas de todo o Brasil se organizam para contestar o Mundial.
A crítica à Copa do Mundo que constroem esses grupos não se centra em questões vazias que visam incidir negativamente sobre o governo federal, tais como a pauta da corrupção, apresentada de forma moralizante pelos grandes meios de comunicação. Tratam-se de questionamentos importantes sobre as violações de direitos, sobre a intensificação de um modelo neoliberal de cidade, sobre a inversão de prioridades na utilização de recursos públicos etc. Pautas caras a todo o campo popular.
Em segundo lugar, é falso dizer que a mídia nacional está a favor das críticas à Copa ou daqueles que se manifestam contra a Copa. Nos últimos meses os grandes meios de comunicação tem reforçado a criminalização dos protestos e jogado toda a opinião pública contra as formas de contestação mais variadas. Em uma edição recente da revista Veja os Comitês Populares da Copa foram colocados como ameaças ao lado de organizações terroristas internacionais. É preciso perceber que essa mesma mídia é financiada por empresas patrocinadoras da Copa, que lucram enormemente com a sua realização.
Se as manifestações de rua tomarem grandes proporções no período da Copa do Mundo é claro que haverá interesses da direita em pautar as críticas que emergem das ruas. Também é verdade que esses setores farão o uso da mídia para disputar essa crítica, portanto, estaremos em um cenário de grandes desafios. Por isso mesmo é preciso hoje mais convergência na construção de uma crítica sóbria, justa e necessária à Copa do Mundo pelos mais variados setores da esquerda, independentemente de opções eleitorais divergentes.
Na conjuntura atual é muito difícil prever o que serão as mobilizações na Copa do Mundo ou mesmo como será a conjuntura eleitoral, mas de algo podemos estar certos, a nossa fragmentação e desarticulação alimenta os interesses daqueles que desejam ver reproduzidas as mais variadas formas de exclusão social e política que seguem marcando o cotidiano da vida das pessoas nas cidades e no campo brasileiro.
O contexto das Jornadas de Junho nos leva a refletir que embora tenham participado milhares de pessoas, com uma pauta de reivindicações extremamente diversa, foram principalmente pessoas organizadas em espaços de articulação e deliberação “face a face” que construíram contornos políticos à esquerda para as ações coletivas naquele mês e nos que se seguiram. Até certo ponto estreito e disputado, elas e eles foram sujeitos decisivos na convocação dos protestos e na construção de contrainformação midiática, discursos e narrativas sobre o significado político de estar nas ruas, travando uma difícil disputa com os grandes meios de comunicação e outros grupos sociais e políticos. Como consequência as Jornadas de Junho fizeram emergir importantes pautas políticas como a redução da tarifa, a desmilitarização das polícias e a reforma política, além de ter alimentado o desejo de lutar por uma sociedade melhor.
Por que não abrimos mão da crítica à Copa do Mundo? Porque a Copa do Mundo tem causado sofrimento humano injusto e violações de direitos que nos desumanizam e porque acreditamos que a luta é a mais efetiva e democrática forma de transformação dessas mesmas condições de opressão.
Criticamos a Copa do Mundo para não se invisibilizar o legado perverso que ela deixa para muitos brasileiros e brasileiras, para que nunca se perca a nossa capacidade de indignação frente às injustiças. Lutamos para que os direitos das populações sejam reparados, e para que cesse o processo de higienização e militarização das cidades em prejuízo aos grupos mais vulneráveis. Lutamos para que o modelo de cidade impulsionado por esse megaevento não se transforme no cotidiano de produção do espaço urbano brasileiro.
Criticamos a Copa, assim como todos os megaprojetos de desenvolvimento que interpõe os interesses do capital aos direitos e dignidade das pessoas. Repudiamos a forma como o governo brasileiro tem facilitado esses megaprojetos no Brasil e em outros países do Sul.
Criticamos a Copa do Mundo da FIFA, não o futebol em geral, esporte que desperta tantas emoções e alegrias. A FIFA é hoje, em nível mundial, um dos símbolos mais evidentes do que o capitalismo tem de pior: pulsão desenfreada pela mercantilização de todas as esferas da vida; uma política internacional imperialista e corrupta; dominação e desprezo pelas populações locais; pressão pela instauração de um estado de exceção, cujo objetivo último é destruir a democracia para assegurar a acumulação sem fim.
Por isso, no dia 15 de Maio se iniciou a agenda de lutas unificada contra a Copa do Mundo. Essa agenda, amplamente debatida no I Encontro de Atingidos da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa, questiona de forma incisiva o atual modelo neoliberal de políticas públicas no campo e na cidade e a criminalização do dissenso e do protesto, que atualmente se intensifica no país, com a Lei Geral da Copa e a ativação de legislações retrógradas, tal como a Lei de Segurança Nacional. (Cf. o Manifesto da ANCOP sobre o 15 de Maio)
Acreditamos que o silenciamento e a submissão nunca podem ser efetivos instrumentos na construção de uma política progressista e popular. A crítica é uma parte fundamental do processo democrático. Quando sóbria e consequente, ela ganha um alto poder de impulsionar transformações importantes na sociedade. Se estivermos abertos para avaliar as potencialidades desse contexto de intensificação do debate democrático e da politização de questões estruturais, talvez possamos transformá-lo em um importante momento para o impulso de lutas sociais históricas no país, lutas que não se iniciam na Copa e nem se encerram nela.



[1] Isabella G. Miranda é militante do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa e integra a Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa.